A atleta Mayara Faria tornou pública a série de atos discriminatórios que vem sofrendo no universo do Crossfit por ser uma mulher lésbica. Ela divulgou uma carta aberta publicada inicialmente na Revista Afirmativa.
Entre as imposições de responsáveis por eventos do ramo estão o uso de apliques para “disfarçar a figura masculinizada” que seria “pouco atrativa para o público.
“O cúmulo de todos foi um pedido que recebi para usar um “aplique de cabelo” pois o meu cabelo curto e corpo forte me tornavam uma figura masculinizada e pouco atrativa para o público, e que eu poderia assustar as pessoas”.
Mayara conta que já sofreu ameaças e ofensas nas redes sociais.
“Infelizmente sou mais uma vitima, assim como milhares de pessoas LGBTQIA+. E sempre optei por não me esconder e mostrar as mesmas pessoas que não tenho medo e estou aqui para lutar contra essa ignorância e preconceito que nos rodeia”.
Leia na íntegra a carta aberta da atleta
Me chamo Mayara Faria, tenho 28 anos, sou atleta de Crossfit, moro no Rio de Janeiro e sou lésbica. Entrei em contato com a Afirmativa para pedir espaço para falar sobre os abusos que sofro por ser uma atleta Lésbica.
Por ser lésbica, já sofri ameaças e ofensas nas redes sociais, já perdi patrocínios, e o cúmulo de todos foi um pedido que recebi para usar um “aplique de cabelo” pois o meu cabelo curto e corpo forte me tornavam uma figura masculinizada e pouco atrativa para o público, e que eu poderia assustar as pessoas. Até porque eu já estava chocando as mesmas por ser Lésbica.
Infelizmente sou mais uma vitima, assim como milhares de pessoas LGBTQIA+. E sempre optei por não me esconder e mostrar as mesmas pessoas que não tenho medo e estou aqui para lutar contra essa ignorância e preconceito que nos rodeia.
A discriminação contra as pessoas por causa da sua orientação sexual ou gênero impede que a população LGBTQIA+ usufrua de seus direitos básicos como cidadãos e seres humanos, já que são coibidos de expressar livremente seus sentimentos e desejos, individualmente ou com seus parceiros já que a sociedade brasileira ainda é conservadora, machista e patriarcal.
Gostaria de deixar aqui um apelo para todas as vítimas:
NÃO TENHAM MEDO DE CORRER ATRÁS DOS SEUS DIREITOS.
Se sofrerem qualquer tipo de crime cibernético ou físico denunciem procurem a uma delegacia essas pessoas não podem ficar impunes.
E estou a disposição para participar de algum tipo de engajamento social ou representar grupos que apoiem a nossa luta, e tenham interesse de estar ao lado de uma atleta lésbica. Quero levar comigo essa causa e deixar claro que não nos calarão. Não estamos sozinhas nessa luta, e temos voz sim para combater toda essa ignorância e preconceito que nos rodeia.
Meu intuito em expor a minha história é me solidarizar com tantas outras e dizer que não, vocês não vão me mudar. E empresas e grupos sociais que estiverem a fim de vincular seus trabalhos a alguém que seja símbolo de resiliência e atitude, eu quero te dizer que eu estou aqui. Entregarei o meu melhor, nada menos que isso.
Mayara Faria – Jovem, negra, lésbica e Atleta de Crossfit
You may also like
-
Valeria Barcellos vence o Prêmio Nosso Orgulho 2021 com o livro ‘Transradioativa’
-
Atuação: Daniel Vargas conquista o público e é o vencedor do Prêmio Nosso Orgulho 2021
-
Jessica Ritter é a grande revelação do ano e vence Prêmio Nosso Orgulho 2021
-
Produção independente ‘No Sigilo’ vence Prêmio Nosso Orgulho de melhor Audiovisual
-
Público elege Júnior Chicó o destaque como criador de conteúdo em 2020